História

Era uma vez um sonho…

O Veganário existe desde 2008. Surgiu do ócio, entre uns pontapés nas pedras da calçada e a vontade de criar. Surgiu de um triângulo amistoso.

O Raghu tinha acabado de chegar de França para viver em Portugal, o Pedro acabado de chegar de uma viagem pela Europa e o Nuno porque ainda hoje não sabe viver sem se envolver.

O Raghu faz e fazia parte da comunidade Hare-Krishna e participava no Alimentos para a Vida (Food For Life).

O Nuno era a personagem central do FoodNotBombs-Barreiro, uma iniciativa de distribuição de comida (vegana) a sem abrigo ou a quem quer que passasse na rua e quisesse um pouco de conversa.

Conjuntamente com o Pedro (e um grupo informal chamado GRITA!), organizava concertos de beneficência perto de casa, distribuiam música e literatura online ou em concertos.

O Raghu já havia participado no Verdurada, no Brasil. Idealizámos que era o que faltava no panorama português. Mais abrangente, menos barulhento, igualmente didático e que não fosse só comida, nem só música. Era o culminar do observado no Alimentos para a Vida, no FoodNotBombs e no punk/hardcore onde fizemos escola.

Uma festa para todos. Veganismo fácil, divertido, guloso, agradável, sem se desviar das suas bases. Sem que deixe de ser um grito pela harmonia entre animais humanos, animais não humanos e a natureza que nos rodeia.

Avançámos em 2008 com poucas condições para um evento, e todas as condições para o sucesso. Aconteceu com o melhor apoio da comunidade HareKrishna. Houve música, houve comida, houve documentários, houve novos conhecimentos, novas experiências.

Houve amigos, houve familiares, houve gente vinda dos variados cantos do país. Houve tudo o que era necessário para um espaço onde cabem pouco mais de 300 pessoas.

Não conseguimos em  2009 porque as condições ideais não se juntaram.

Em 2010, durante um forte ano de luta contra os OGM’s, com apoio e na sede do G.A.I.A. (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental), voltou à carga, suportado por mais um grupo informal que se juntou ao GRITA!: a “Omolete Sem Ovos”.

2011, 2012, 2013 aconteceu num espaço cedido pela AE da FLUL.

2011 pelo Nuno, 2012 pelo João Marin, 2013 pelo António Xisto e sempre com ajuda do Andrey Rodrigues que mal conhecíamos e que se tornou numa peça imprescindível.

Durante estes anos, houve aposta de bandas punk (sempre foi a nossa génese), espetáculos de marionetas, workshops, exposições fotográficas, palestras e tudo aquilo a que o Veganário se comprometeu inicialmente. Já havia participações regulares de dentro e fora do país.

Depois de 2013, com mudanças de vida de toda a gente e com as dificuldades de organizar e manter uma festa destas, decidimos anunciar o fim do Veganário. Foi balanceado, pensado e a custo, mas estávamos sem mãos para a nossa criança que precisava de alimento.

Recebemos imediatamente o contacto de um monte de gente, em especial da DirectActionEverywhere – Portugal. A DirectActionEverywhere é um colectivo de gente, uma organização que se manifesta em locais públicos sobre o veganismo.

Juntaram-se a Anne, a Sónia, foram a força que precisávamos, a urgência e a responsabilidade de não deixar cair o que já se tinha criado. Havia contactos, um nome que já existia, era necessário manter.

Entrou mais gente, o modelo de decisão manteve-se. Sem hierarquias e democrático. Todos contribuem com algo, cada um opina no seu domínio. Todos aprendem. Pelo Veganismo.

Estabeleceu-se uma nova força de trabalho, uma nova organização. Decidimos dar um passo atrás se queríamos dar dois à frente. Voltámos a organizar no primeiro local que nos acolheu, o Refeitório Associativo Hare Krishna na Estefânia, em Lisboa.

Aconteceu no molde do primeiro ano e sem nos conhecermos muito bem enquanto força de trabalho. Houve muita gente nova e desconhecida a querer participar com a sua iniciativa, o seu negócio, o seu projecto. Foi fantástico para estabelecer contactos.

Em 2015 decidimos apostar na primavera, com o apoio do ATLA (Associação de Tempos Livres de Alfama). Foi uma enxurrada de gente, a melhor meteorologia, vista de Lisboa e pôr do sol possíveis.

A partir de 2016 e com o crescimento do evento decidimos que precisávamos de algo maior, mais central e com melhores condições. Apostámos no Anjos70, onde acontece a Feira das Almas.

Nesse mesmo ano, percebemos que o sítio tinha sido bem escolhido:  contávamos com mais de 90 pessoas a assistir às actividades mais concorridas.

Constituímos Associação, as responsabilidades estavam a aumentar e teríamos que caminhar sobre os nossos pés. Começámos a desenvolver os nossos métodos de gestão, a criar equipas e a distribuir responsabilidades.

Em 2017, continuou a crescer. A equipa cresceu. Uns saíram, outros entraram e em 2018 havia mais de 160 pessoas nas actividades menos concorridas. Havia avós a participar, adolescentes a fazer perguntas, todo o tipo de gente a experimentar, a saborear. Uma imagem renovada, mais voluntários e idas à TV e Rádio.

E assim nos tornámos nos organizadores do maior, quiçá o melhor, festival vegano gratuito a ocorrer todos os anos em Portugal, atraindo milhares de pessoas num fim de semana de contacto imersivo no maravilhoso mundo do consumo livre de sofrimento animal.

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